Neste post vou tentar explicar um pouco mais sobre diabetes mellitus de forma bem clara.
Trata-se de uma doença caracterizada pela elevação da glicose no sangue (hiperglicemia). Pode ocorrer devido a defeitos na secreção ou na ação do hormônio insulina, que é produzido no pâncreas, pelas chamadas células beta. A função principal da insulina é promover a entrada de glicose (fonte de energia) para as células do organismo de forma que ela possa ser aproveitada para as diversas atividades celulares. A falta da insulina ou um defeito na sua ação resulta, portanto, em acúmulo de glicose na corrente sanguínea.
Qual a importância de entender isso?
Esta hiperglicemia gera “radicais livres” que, de forma lúdica, podemos comparar com o efeito da maresia sobre os objetos de metal de uma casa de praia. Os danos aparecem após um determinado tempo de exposição e vão ocorrendo silenciosamente, até que um dia nos deparamos com aquele móvel lindo todo enferrujado por exemplo. Existem órgãos mais suscetíveis a estes danos como os olhos (retinopatia diabética/cegueira), os rins (nefropatia diabética), os vasos arteriais do coração (doença coronariana), sistema nervoso (neuropatia diabética e acidentes vasculares encefálicos) e a microcirculação das extremidades (aumento do risco de amputação de membros e dificuldade de cicatrização de feridas). Estas são as maiores consequências do Diabetes e tais condições colaboram para o declínio da qualidade de vida e aumento da mortalidade.
Quais os tipos de Diabetes?
Sabemos hoje que diversas condições que podem levar ao diabetes, porém a grande maioria dos casos está dividida em dois grupos: Diabetes Tipo 1 e Diabetes Tipo 2.
Diabetes Tipo 1 (DM 1) :
Essa forma de diabetes é resultado da destruição das células beta pancreáticas por um processo imunológico, ou seja, pela formação de anticorpos pelo próprio organismo contra as células, beta levando a deficiência de insulina. Podemos detectar a presença de anticorpos específicos em exames de sangue. Em geral costuma acometer crianças e adultos jovens, mas pode ser desencadeado em qualquer faixa etária.
O quadro clínico mais característico é de um início relativamente rápido (alguns dias até poucos meses) de sintomas como: sede, diurese e fome excessivas, emagrecimento importante, cansaço e fraqueza. Se o tratamento não for realizado rapidamente, os sintomas podem evoluir para desidratação severa, sonolência, vômitos, dificuldades respiratórias e coma. Esse quadro mais grave é conhecido como Cetoacidose Diabética e necessita de internação para tratamento.
Diabetes Tipo 2 (DM 2):
Nesta forma de diabetes está incluída a grande maioria dos casos (cerca de 90% dos pacientes diabéticos). Nesses pacientes, a insulina é produzida pelas células beta pancreáticas, porém, sua ação está dificultada, caracterizando um quadro de resistência insulínica. Isso vai levar a um aumento da produção de insulina para tentar manter a glicose em níveis normais. Quando isso não é mais possível, surge o diabetes. A instalação do quadro é mais lenta e os sintomas – sede, aumento da diurese, dores nas pernas, alterações visuais e outros – podem demorar vários anos até se apresentarem. Se não reconhecido e tratado a tempo, também pode evoluir para um quadro grave de desidratação e coma .
Ao contrário do Diabetes Tipo 1, há geralmente associação com aumento de peso e obesidade, acometendo principalmente adultos a partir dos 50 anos. Contudo, observa-se, cada vez mais, o desenvolvimento do quadro em adultos jovens e até crianças. Isso se deve, principalmente, pelo aumento do consumo de gorduras e carboidratos aliados à falta de atividade física.
Como Posso Saber se tenho Diabetes?
Caso você se enquadre em uma das situações abaixo será considerado portador de Diabetes:
1) glicemia de jejum > 126 mg/dl (jejum de 8 horas) em 2 ocasiões distintas
2) glicemia casual (colhida em qualquer horário do dia, independente da última refeição realizada (> 200 mg/dl em paciente com sintomas característicos de diabetes.
3) glicemia > 200 mg/dl duas horas após sobrecarga oral de 75 gramas de glicose.
Os indivíduos que se encaixam nos critérios para pré-diabetes (glicemia de jejum entre 110-126 mg/dL ou glicemia entre 140-200 mg/dL 2h após o teste de sobrecarga oral de 75 gramas de glicose) devem ter atenção redobrada no seu estilo de vida. 80% dos casos de DM2 são preveníveis através de uma dieta equilibrada, atividade física regular, redução do consumo de carboidratos e bebida alcoólica.
O diagnóstico precoce do diabetes é importante não só para prevenção das complicações agudas já descritas, como também para a prevenção de complicações crônicas. Importante ressaltar que quanto mais precoce o diagnóstico e o comprometimento do paciente com as mudanças de estilo de vida/tratamento medicamentoso proposto pelo seu médico, maiores as taxa de sucesso do tratamento e qualidade de vida normal.
O acompanhamento com equipe multidisciplinar incluindo Endocrinologista, Nutricionista, Psicólogo, Educador físico também é de grande importância na luta contra o diabetes.A família desempenha grande papel, uma vez que a mudança de habito de vida deve vir de casa com a a adesão de todos os membros. Além disso, o suporte e companheirismo para que as mudanças sejam sustentáveis a longo prazo são fundamentais.
Quer saber mais sobre Endocrinologia no Rio de Janeiro? Podemos falar mais sobre este assunto em outras oportunidades. Se você tem alguma dúvida deixe aqui nos comentários do post que responderei com todo o prazer.
Fonte: Adaptado de https://www.endocrino.org.br/o-que-e-diabetes/