baixa libido

Baixa libido na mulher: descubra se a reposição de testosterona é indicada para você.

Afinal, quando devemos pensar na reposição de testosterona nas mulheres?

Apesar do uso indiscriminado de testosterona em várias formulações (tópico, via oral, intramuscular, subcutâneo com implantes ou “chips”) é importante ressaltar que só existe uma indicação, até o momento, para o uso de testosterona nas mulheres: no tratamento do Desejo sexual hipoativo ou Transtorno do interesse/excitação sexual feminino na pós menopausa.  

Para começar vamos entender um pouco como funciona a sexualidade feminina:

O impulso sexual feminino é regulado por neurotransmissores e hormônios.  A liberação de neurotransmissores determina a resposta fisica ao estimulo sexual e a expressão da mulher.

Quanto aos hormônios, a testosterona (produzida pelos ovários e pelas adrenais) motiva para a atividade sexual (atuando no centro de prazer no sistema nervoso central e melhorando a vascularização do tecido vaginal) e os estrógenos respondem pela lubrificação e sensibilidade da pele. Porém até que ponto a testosterona atua diretamente nos receptores androgênicos ou indiretamente (pela conversão periférica em estradiol) ainda não há consenso.

Importante lembrar também que a reposta sexual da mulher é cíclica passando por 3 fases: Desejo, Excitação e Orgasmo. Sendo que a primeira fase estimula a fase posterior em diante. Nesse contexto existem fatores não sexuais que influenciam diretamente nesse ciclo:

Quanto ao diagnóstico…

Segundo o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos mentais), para pensarmos nesse diagnostico devem estar presentes  pelo menos 3 de 6 características por pelo menos 75% das vezes há mais de 6 meses COM angustia pessoal significativa:

1- AUSENCIA DE INTERESSE

2- AUSENCIA DE PENSAMENTOS SEXUAIS

3- INICIO/FALTA DE RECEPTIVIDADE AO ATO SEXUAL

4- INICIO/FALTA DE RECEPTIVIDADE A ESTÍMULOS ERÓTICOS

5- FALTA DE EXCITAÇÃO

6- OU FALTA DE SENSAÇÕES GENITAIS.

* Exclusão de outras condições clinicas ou psicológicas associadas ao quadro

* Exclusão de sintomas relacionados ao parceiro/a.

Como vocês podem perceber o diagnóstico é clínico, considerando a história da mulher na menopausa já com terapia estrogênica estabelecida e mantendo os sintomas acima.

Então para que dosar testosterona?

Não há indicação de dosagem de testosterona sérica para confirmar o diagnóstico uma vez que não há valores de referencias bem estabelecidos como “normais” para as mulheres. Solicitamos testosterona apenas na suspeita de doenças que cursem com EXCESSO de androgênios (ex: síndrome dos ovários policísticos, hiperplasia adrenal congênita, tumores adrenais/ovarianos).  Falo mais sobre isso neste post .

Assim a dosagem de testosterona é importante antes do tratamento apenas para monitorização do mesmo e evitar uso de doses excessivas.

Indicado o tratamento, quais os cuidados devemos ter?

Primeiro, não pode haver contraindicação, que são as mesmas relacionadas ao uso de estrogênio. Ou seja, se a mulher não pode fazer terapia hormonal tradicional da menopausa (estradiol + progesterona nas pacientes com útero), também não pode fazer testosterona.

O nível sérico FISIOLÓGICO de testosterona nas mulheres equivale a aproximadamente 10 % do masculino, assim, devemos fazer reposição com o equivalente a um décimo da dose preconizada para o tratamento do público masculino (os estudos foram com adesivo de 300 mcg de testosterona).

No Brasil, ainda não temos disponível apresentação de testosterona nesta dosagem. Uma opção seria fracionar formulações em gel já disponíveis no mercado para tratamento do hipogonadismo masculino para estes casos.

Lembrando que a via oral e intramuscular não devem ser utilizadas pelos efeitos colaterais associados, sendo recomentado apenas a via tópica (gel aplicado sobre a pele).  Observa-se a melhora dos sintomas entre 12-16 semanas e, na ausência de melhora após 6 meses o tratamento deve ser descontinuado.

Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter, e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como Endocrinologista no Rio de Janeiro.

Fonte:

  1. The Journal of Sexual Medicine. International Society for the Study of Women’s Sexual Health Clinical Practice Guideline for the Use of Systemic Testosterone for Hypoactive Sexual Desire Disorder in Women. Vol 18:5, Maio de 2021.

2. Endocrinologia Feminina e Andrologia, Ruth Clapauch e cols. Cap 34 e 36. 3ª edição, 2022.

Veja também:

O que deseja encontrar?

Compartilhe